Uma pesquisa nacional revelou quais são as estradas mais perigosas do
país e quando é que acontecem os acidentes mais graves. No ano passado,
quase 7 mil pessoas morreram nas rodovias federais brasileiras.
A boa notícia é que o número de mortes nas estradas brasileiras vem
caindo desde 2011. Mas a ruim é que ele continua alto: uma média de 18
mortes por dia nas rodovias federais em 2015.
Os acidentes mais graves foram as colisões frontais, normalmente em
pistas simples. Em 2015, quase 20% das mortes foram provocadas pela
falta de atenção dos motoristas. Esta foi a principal causa de acidentes num trecho em Santa Catarina.
O trecho mais perigoso do Brasil tem apenas dez quilômetros de extensão e passa na grande Florianópolis. Nele, a BR-101 virou uma espécie de
avenida por onde trafegam diariamente 175 mil veículos. Em 2015, 15
pessoas morreram neste pedaço de rodovia. O trecho tem uma média de 46
acidentes por mês.
O estado que teve o maior número de mortos nas estradas foi Minas
Gerais, quase mil pessoas. Um trecho da BR-040, na saída de Belo
Horizonte para o Rio de Janeiro, é apontado como o pior em acidentes
envolvendo caminhões. Não há canteiro nem mureta separando as pistas. De acordo com o estudo, a causa chama a atenção - grande parte dos
motoristas envolvidos nos acidentes estava com sono.
O Paraná é o terceiro estado com mais mortes nas estradas. Um trecho de
dez quilômetros da BR-116, ao Sul de Curitiba, foi considerado o mais
perigoso do estado em 2015. Os tombamentos de caminhão foram os
acidentes mais comuns, principalmente por causa de ultrapassagens
indevidas.
A pesquisa mostra os horários em que o número de mortes é maior nas
rodovias federais. É quando anoitece, entre 18h e 20h. E o dia da semana em que aconteceram mais acidentes fatais em 2015 foi domingo, uma média de 28 mortes a cada domingo. Ao todo, nos fins de semana, 2.785 pessoas morreram nas rodovias federais no ano passado.
A Polícia Federal tem uma explicação para isso: nos dias de folga, os
carros estão mais cheios, e os motoristas muitas vezes não são
acostumados a dirigir em estradas. Saem para um passeio, para levar a
família para descansar, e os acidentes, nesses casos, têm consequências
mais graves.
Para os organizadores da pesquisa, os dados podem ajudar a prevenir
acidentes. “É realmente o fator humano que está contribuindo para o
número de acidentes, a falta de atenção e excesso de velocidade. Então,
mais uma vez tendo informação sobre aonde estão estes pontos, os
motoristas podem dirigir com mais alerta, com mais cuidado, e evitar
acidentes”, explicou Solange Fusco, diretora de Comunicação da Volvo.
O trecho mais perigoso de todo o Maranhão fica na única rodovia de
acesso à capital. A duplicação da estrada, que poderia reduzir os
riscos, deveria ter ficado pronta há dois anos.
São 26 quilômetros de riscos. O trechinho pequeno da BR-135 é considerado o mais perigoso de todo o Maranhão.
Foram quase 500 acidentes nos últimos três anos: 19 pessoas morreram e 239 ficaram feridas.
O último acidente grave foi no domingo (3). Um carro bateu de frente com um caminhão que fazia ultrapassagem. Oito pessoas morreram, incluindo
duas crianças.
A combinação de pista estreita, sem acostamento num dos lados, numa reta que favorece altas velocidades está entre as principais causas dos
acidentes graves. Daí a importância das obras de duplicação que
começaram em 2012 e deveriam terminar dois anos depois.
"Fizeram a metade, deixaram a outra metade e continua a mesma. Muito
dinheiro enterrado e a gente não vê a BR", diz o funcionário público
Geovaldir de Jesus.
A única coisa que tem mudado é o mato que não para de crescer no
canteiro de obras. E lá se vão quatro anos desde que os trabalhos
começaram. O custo inicial da obra estava em R$ 213 milhões, mas a
previsão agora é que sejam necessários R$ 484 milhões para o serviço ser concluído. O custo não para de subir e a obra não anda. Até agora
apenas 10 quilômetros foram duplicados. Ainda falta a maior parte: 16
quilômetros.
“Se nós temos já a rodovia pronta aqui, questões técnicas pequenas para
liberação, com certeza esse acidente não teria acontecido”, diz Júlio
Henriques, inspetor da PRF/MA.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte afirmou que o
acidente de domingo foi uma das fatalidades causadas por imprudência e
ultrapassagem perigosa, que não podem ser prevenidas com ações de
engenharia. O Dnit declarou que vai intensificar os serviços de
duplicação neste mês. A nova previsão de entrega é abril do ano que vem.